Discussão sobre o livro "o livro negro dos estados unidos" de Peter Scowen

O texto a seguir é uma análise do livro escrito por Peter Scowen, jornalista canadense, naturalizado americano, que faz uma avaliação da história americana do ponto de vista bélico e belicoso, que culminou nos atentados de 11 de setembro de 2001. A princípio, Scowen não é um radical antiamericano, ao contrário, deixa claro sempre sua admiração pelo país e pela pseudo democracia que lá impera. Lança um olhar sobre as ações e atitude dos americanos expõe situações que mostram o caráter do governo dos EUA desde sua independência.

Sem querer motivar qualquer sentimento xenófobo ou segregacionista, os textos a seguir visam trazer a baila o que todo país sério necessita: avaliar suas ações perante as outras soberanias para não sofrer ataques à sua.

“O que haviam feito americanos inocentes de todas as condições sociais que pudesse levá-los a merecer explodirem no céu de uma bela manhã de fim de verão?”

Já na introdução do livro o autor coloca algumas questões que se passaram nas mentes dos americanos como tentativa de explicar o ataque. E explica: “o governo dos EUA, através de sua política externa e suas façanhas passadas, pôs seus cidadãos na linha de fogo e se pode realmente atribuir a si mesmo posição moral tão elevada em sua nova guerra ao terrorismo.”

“Porque, sobe seu horror e patriotismo, como os americanos podem não suspeitar que haja uma ligação entre a política externa de seu governo e os atentados de 11 de setembro? ... é ridículo sugerir o contrário, que seja impossível vincular a política externa americana recente, de alguma forma, a 11 de setembro. É ingenuidade imaginar que os EUA sejam uma nação inocente e virtuosa.... os EUA, nos últimos 50 anos, foram liderados por governos tão cruéis e desumanos quanto quaisquer outros que já existiram”.

Com isso, Peter tenta mostrar razões que a mídia americana e o governo queriam que o mundo e a nação engolissem suas patéticas explicações. Os americanos se vêem como um povo de virtude inquestionável, com direitos sobre a soberania de qualquer outro povo e sem precisar de explicações plausíveis para suas ações.

“Os cidadãos trabalhadores de outros países não dispõem do luxo de serem tão simplistas. Reconhecem as boas qualidades dos EUA, mas também sabem que este país é patrocinador do terrorismo de estado e sustentáculo de ditaduras assassinas. Conhecem um país que participou de boa vontade do extermínio de povos inconvenientes em países estrangeiros, ou promoveu-o, quando seus interesses o exigiram. Minimizam, ou as vezes não, os trilhões de dólares de munição e mísseis que os EUA exportaram com quase total indiferença quanto a quem comprou e com que propósito.”

Talvez a análise desse momento histórico seja bem definida nessa observação acima citada. O mundo inteiro é obrigado a engolir intervenções desse país sem que sejam solicitadas, vendem armas de extermínio em massa, mas não lhes pesa na consciência, pois o que sempre importa são a recompensa e o dinheiro. Sua população se enterrou em um ostracismo total, não se propõem a mudar ou a cobrar. Uma pretensa democracia, que permite a eleição de um presidente com a participação de menos de 30% da população nesse processo. Isso também mostra a mentalidade banal do americano, que não quer ver o mundo e sua pobreza, não olham além do seu umbigo, pois sabe que qual seja o grupo que estiver no poder vai manter o velho estilo de vida americano.

Capitulo 1

“Nem tudo está bem. E isso não foi Pearl Harbor”. Susan Sontag, New Yorker, 24/09/2001.

“Em 11 de setembro de 2001, os EUA foram atacados em sem próprio solo pela primeira vez desde a guerra de 1812. Em 12 de setembro, George W. Bush, o presidente, anunciou que a América era uma vitima inocente do mal. E assim começou uma tentativa conjunta e bastante bem sucedida de silenciar a dissidência na terra da liberdade.”

Nesse momento de crise, os EUA tinham o que podia ter de pior como presidente, um sujeito medíocre, apequenado intelectualmente e manipulado pelas mesmas pessoas que fizeram toda a história americana ser deplorável em vários aspectos. Uma imprensa comprada, baseada em retorno financeiro e proteção de patrimônios, colocaram aquilo que se pretendia a democracia mais perfeita do planeta em um patamar de pequenez e nulidade. Bush, em sua mente vingativa e respaldado por homens de visão desumana como Rumsfield e seu lobby de empresas fabricantes de guerras e armas, colocou o mundo em alerta e deflagrou uma guerra burra e inescrupulosa, baseada em mentiras e manipulações.

A estratégia usada pelo governo ficou clara nas palavras de Rudolph Giuliani, a época prefeito de Nova York:

“Este não foi um ataque à cidade de Nova York ou aos EUA. Foi um ataque a própria idéia de uma sociedade livre, abrangente e civil. (...) de um lado está a democracia, o estado de direito e o respeito à vida humana; do outro, tirania, execuções arbitrarias e assassínio em massa. Estamos certos e eles, errados. É simples assim (...) a era do relativismo moral entre os que praticam ou perdoam o terrorismo e os que levantam-se contar ele deve terminar. Relativismo moral não tem lugar nesta discussão e neste debate”.

Com essa ideologia infantil, pequena e simplista, fazem com que todos engulam tudo que é inventado por eles, de forma grotesca, sem preocupação com detalhes, pois todos devem submeter-se a eles.

Em seguida, Bush reforça essa idéia e propõe: “Neste conflito, não há terreno neutro. Se qualquer governo aceita os fora-da-lei e os assassinos de inocentes, torna-se, ele também, fora-da-lei e assassino. E tomará este caminho solitário por sua própria conta e risco”. Mais que um aviso, o presidente americano dava seu recado, expunha uma ameaça a todos que poderiam ser um dos alvos escolhidos ao seu bel prazer.

Ai a midia, emburrecida pelo ganho fácil, pela sanha e facilidade em aumentar seu ibope, os americanos com medo se escondiam em suas casas e viam TV o tempo todo, começou a fazer o papel que tem lhe cabido nos últimos anos, manipular as emoções, favorecer os que estão no poder, crias noticias e não questionar nada que as autoridades não querem que seja questionado.

“Enquanto isso, as redes de televisão americanas adotaram um tom solene, farisaico e bajulador, reduzindo a grande tragédia e os milhares de pequenas tragédias pessoais dentro dela às manchetes e imagens emocionalmente manipuladoras.

Quando jornalistas e veículos de comunicação começaram a questionar esses motivos dos americanos e suas ações após o atentado, o governo e os veículos que buscavam criar um clima de animosidade no público em catarse, começaram a segregá-los, agredi-los e pedir suas cabeças. Um desses exemplos claros foi a escritora Susan Sontag, que cometeu o grande equivoco de não seguir a manada. “Onde está o reconhecimento de que este não foi um ataque “covarde” à “civilização” ou à “liberdade”, à “humanidade” ou ao “mundo livre”, mas um ataque a autoproclamada superpotência mundial, realizado como conseqüência de alianças e ações americanas específicas?”

Com esse desafio ao discurso da Casa Branca, parecia que ela não estava do lado dos americanos, coitados, com sua segurança ameaçada, sem nenhum motivo: “(...) Nem tudo está bem. E isso não foi Pearl Harbor. Temos um presidente robótico que nos afirma que a América ficará de pé. Um amplo espectro de figuras públicas, no governo e fora dele, que se opõem firmemente a política implantada por esta administração, parece não se sentir livres para dizer nada, além de que ficará ao lado do presidente Bush. É preciso pensar muito, e talvez isto esteja acontecendo em Washington e em outros lugares, sobre a inépcia dos serviços de inteligência e contra-inteligência americanos, sobre opções disponíveis para a política externa americana, em especial no oriente médio, e sobre o que constitui um programa inteligente de defesa militar. Mas não se pede ao público que suporte o fardo da realidade. Os lugares-comuns auto-elogiosos e aplaudidos com unanimidade, dignos de um congresso do partido soviético, parecem desprezíveis. A unanimidade da retórica santarrona para esconder a realidade, cuspida por funcionários do governo americano e comentaristas da imprensa nos últimos dias, parece desmerecedora de uma democracia madura”. E conclui “a política foi substituída pela psicoterapia. Vamos, de toda maneira, lamentar juntos. Mas não sejamos estúpidos juntos. Alguns farrapos de percepção histórica podem nos ajudar a entender o que acabou de acontecer ou o que pode continuar acontecendo. Nosso país é forte, dizem-nos outra e outra vez. Eu, pelo menos, não acho isso totalmente consolador. Quem duvida que a América seja forte? Mas isso não é tudo o que a América tem de ser.”

A escritora foi execrada, publicamente, pelos políticos e pelos meios de comunicação, que deveriam estar fazendo exatamente esse caminho que ela resolveu percorrer, questionar a que ponto as ações bélicas, intervencionistas e exterminadoras dos EUA não foram os reais responsáveis pelo sofrimento ora imposto aos cidadãos. A mídia tão cantada em versos e prosas como um veiculo isento, mesmo sabendo que isso nunca foi verdade, começou a atacar essas pessoas, alguns sugerindo até mesmo a execução desses supostos antipatriotas. A mentira americana, da democracia madura, até hoje perdura, mas que democracia não preserva a liberdade de expressão, uma justiça que trate todos por igual e um governo voltado aos interesses do povo e não de grupos de interesse.

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