continuacao do debate sobre a crise.

A natureza da crise brasileira e sua extensão.

- Como na crise mundial, no Brasil, a crise se divide em duas também, a crise real e a crise financeira, com isso, temos que preparar a sociedade para os impactos e turbulências que estão por vir.
- Crise cambial – como falamos no tópico anterior, existe especulação cambial mesmo no momento de crise, os especuladores nesse caso tiram o dinheiro do país ou compram dólares e mandam para os paraísos fiscais, nesse caos a evasão de divisa e as diferenças cambiais são um risco para a economia do país. É bom lembrar que o Real já sofreu uma maxidesvalorização frente ao dólar de julho até o início de novembro de mais de 47%.
- Crise de commodities – já alardeada há muitos meses pelos produtores rurais principalmente, visando receber subsídios do governo ou facilidades de empréstimos e crédito, é uma das preocupações que deveremos ter nos próximos meses, os commodities são mercadorias sem industrialização ou com pouco grau de beneficiamento, que são negociadas nas bolsas de valores como se fosse moeda.
- Contas externas – segundo o economista existe um desequilíbrio muito grande nas contas externas, que estão se deteriorando, aumentando o risco de gravidade da crise para o Brasil. Para piorar, no congresso tramita um projeto que prevê a isenção de impostos para quem trouxer de volta o dinheiro que tiraram do país ilegalmente. É bem clássico da nossa classe política beneficiar os grandes fraudadores e bandidos no geral.
- O Estado tem um passivo externo muito alto, fruto das dívidas e negociações mal feitas.
- Pressão inflacionaria – principalmente ligada a crise cambial e a crise de commodities. O Brasil é talvez o único lugar no mundo que os preços dos produtos aumentam quando o dólar sobe e aumentam quando o dólar desce, principalmente os itens que compõem a alimentação da maioria e dos mais necessitados.
- Má governança – o país conta com uma quantidade enorme de maus gestores públicos, eles estão desde a presidência da república, passando pelo ministério da fazenda, banco central, outros ministérios e quase todas as áreas do governo. Um exemplo disso é o banco central, comandado por alguém que defende o capital, os interesses dos bancos e, conseqüentemente, dos especuladores. O ministro da fazenda, um cargo que deveria se ocupado por alguém de pulso, de visão, foi colocado nas mãos de um cidadão que não reage, agindo com descaso ao desequilíbrio existente nos meios econômicos.


Como o governo Lula reagiu frente à crise:

- Liberou o deposito compulsório para os bancos – mais de 100 bilhões de reais foram repassados aos bancos, provenientes dos depósitos compulsórios, segundo o governo, para injetar dinheiro no mercado e aumentar o crédito. O governo não tomou nenhuma medida para garantir que esse dinheiro realmente fosse colocado no mercado a titulo de não deixar o credito para ou o consumo despencar, então, os banqueiros mais que rapidamente, puseram as mãos nesse valor e não deram satisfação à sociedade nem ao Estado. O governo Lula parece tão ingênuo que acredita que algum banqueiro vai ser bonzinho, que tendo o dinheiro na mão vai oferecer ao povo. A liquidez do mercado virou liquidez cerebral do governo. Nos EUA e na Europa, a regulamentação e fiscalização do sistema bancário existem, os bancos centrais funcionam em sua fiscalização, são rígidos, no Brasil, como o dinheiro é publico, não existe sequer prevenção contra desmandos desse tipo. Os banqueiros e criminosos aqui se sentem além do bem e do mal.
A atitude do sistema bancário além de antiético é imoral, covarde e inescrupuloso, mostrando quem são nossos capitalistas.
- Estatização – comprando ações de bancos e empresas, aprovando a emenda 443 que permite ao banco do Brasil e a CEF comprarem empresas e bancos com títulos podres.
- Crise cambial – o governo injeta dólares aos poucos, onerando o erário e não resolve o problema.
- Ajuda financeira – até o Bush entendeu que existe essa necessidade de injetar dinheiro nas camadas mais carentes, no cidadão médio e na economia em geral, mas aqui o governo tem uma visão diferente, os primeiros a serem ajudados foram o agronegócio e os bancos, logo em seguida vieram as construtoras e então as montadoras. A grande lição nisso tudo é como o governo age com seus parceiros, esses quatro segmentos foram responsáveis pela “injeção de recursos” na campanha do presidente Lula, na ordem de 38% dos gastos de campanha, com um amigo desses como presidente quem tem medo de lobo mau?




O que o governo não fez e deveria ser feito:

- Política social – nenhuma política social ou assistencial implantada;
- Políticas expansionistas – até agora estão pondo fé somente no PAC;
- Baixar as taxas de juros – a política implementada é inversa a de outros paises, aqui não diminui a taxa, ou continua como está ou aumenta;
- Aumentar gastos – com infra-estrutura, programas de proteção ao cidadão, etc.
- Redução da carga tributária sobre trabalhador – os EUA e Europa estão fazendo isso, o Brasil está esperando algo divino, uma mensagem para o presidente tomar atitudes;
- Aumento de limites das garantias ao trabalhador – garantindo suas poupanças, seus depósitos, seus empréstimos e suas aplicações;
- Punição severa para os que agem de má fé – as medidas para proteger o Estado do risco moral deveriam ser implementadas desde o inicio da crise, com isso diminuiria as práticas oportunistas e capitalistas inescrupulosos, como os banqueiros e investidores sem ética.
- Controles das AMC (Asset Management Company) – são as gerenciadoras de riscos nas compras e vendas de empresas e bancos em situação precária, com esse controle visando proteger o que é público, dificultando as operações fraudulentas que aumentam o valor do ativo para lucrarem mais. Essa fiscalização deveria se feita pelo congresso e pela sociedade.
- Impostos sobre a exportação de commodities – visando manter seu preço interno menor, diminuindo o risco de inflação.
- Taxação diferenciada na saída dos dólares – quem for investir no exterior nesse momento precisa declarar que tipo de investimento, a taxação deve ser diferente para cada tipo de investimento.

Comentários