Adendo

É bom lembrar que a tentativa de destruir conquistas como os direitos trabalhistas, vem sendo corroborada pelos governos fracos e dependentes do capitalismo há muito tempo. O que o capital tem conseguido pouco a pouco é a falta de agrupamento, ou melhor dizendo, é o afastamento dos trabalhadores da luta pelo coletivo. A ideologia do capital está entranhada na sociedade e nos movimentos, mansos, não por não terem mais pelo que lutar, mas por não quererem perder as migalhas e esmolas destinadas pelo capital para que fiquem dóceis. Quem gere esse tipo de negociação é sempre o Estado, fraco, sem vergonha, incapaz de reagir e olhar para futuro diferente do que ai se aproxima.

Como Agnelli, temos aqui em São Paulo algumas outras figuras estranhas ao coletivo e presentes em nossas vidas como um corvo e um urubu que querem surripiar os nossos direitos e as iniciativas que os de baixo têm para tentar sobreviver. Essa semana o prefeito de São Paulo resolveu cassar as TPUs – Termos de Permissão de Uso, concedidos na gestão do PT/Marta, onde os ambulantes poderiam ter suas “barracas” de forma mais organizada, em locais próprios para isso, bolsões, próximo a terminais etc, foram concedidos os espaços para esses comerciantes informais usarem seus equipamentos, modernizados e que não destoasse da questão urbana.

Kassab volta a sua carga higienista, tentando varrer para debaixo do asfalto as figuras que não lhe são caras, governando para os mesmos donos de seu mandato, não tem coragem nem capacidade para gerir pela maioria. Seu patrão, mandado dos oligarcas e capitalistas inescrupulosos, o governador Serra, que busca desde o inicio de seu mandato uma liquidação de nosso patrimônio, com a intenção de entrega de todas as empresas públicas às mãos privadas, como tentou fazer no inicio desse ano com a proposta de privatização de 18 empresas estatais, bloqueada por alguns movimentos e alguns poucos parlamentares; esses últimos, cooptados, para não dizer comprados, não fazem política para a manutenção da coisa pública, mas pela manutenção das riquezas e das instituições privadas.

Nesse tempo de deficiência dos movimentos, a maioria cooptada também pelo poder, seja ele público, seja privado, de sociedade fraca, de governantes medíocres, pequenos e inválidos, o que nos resta?

A ultima geração de cidadãos foram criados com base no cada um por si, uma geração morta para o pensamento crítico, para reagirem e para mudarem algo. A geração anterior tinha alguns bons lutadores, mas a sua maioria foi convertida à luxúria que o poder oferece, a corrupção por ser mais fácil viver assim, perdeu sua vergonha, ensinou seus filhos pelo caminho mais fácil, menos duro e mais curto.

Acho que é isso que nos resta, lutar ou fazer como a maioria, acovardar-se e reclamar para também comer das migalhas que os donos de tudo jogam.

Como diria o sociólogo Zigmunt Bauman, temos uma sociedade zumbi e instituições zumbis, mortos vivos, correndo atrás de ter tempo e comprar, consumir, sem outros objetivos que não sejam a manutenção de suas necessidades urgentes e luxos.

É isso aí...

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