Invisibilidade Social

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Bom, a matéria não é nova, mas vale à pena falar sobre. Ela versa sobre preconceito, principalmente o preconceito social, que se fixou na idéia de que quem usa uniforme e presta serviços é de baixo nível social e cultural.

Ficou evidenciado na postura de Casoy, na visão que ele deixou clara em seu extremismo, mas fica mais claro no nosso dia a dia, onde passamos e não cumprimentamos quem nos sorri de uniforme, nem olhamos. O único uniforme que talvez ainda tenha certa atenção é o da policia, assim mesmo, provavelmente pelo fato de imprimir certo medo e intimidação. O caso do Boris deixa claro como a sociedade vê quem trabalha em áreas menos especializadas, é assim que a maior parte das pessoas que estão numa posição mais elevada vê e trata os uniformizados. O uniforme também é usado para convencionar os desiguais, assim não é necessário pensar muito nas atitudes em relação a seus usuários, já que estão lá só como peças de um jogo que eles não têm como participar a não ser como peões.

Lembro-me de quando tive dificuldades financeiras, como sempre, fui trabalhar como segurança do Unibanco na Avenida São João, obtive respeito dos funcionários, gerentes e clientes pela seriedade e postura frente a minha função, mas no início não era mais que um uniforme. Um dos muitos que não tem vida além da prestação de serviços, dos que não tem muito a oferecer a não ser a mão de obra, barata e em grande disponibilidade. No meu caso, tinha boa instrução, experiência e vivência em várias áreas, noções de outras línguas e intimidade com muitos assuntos. No entanto, estava num momento difícil, por isso eu enfrentei tal serviço, mas aquelas pessoas, com as quais me relacionava e mantinha contato, da área de serviços, eram pessoas maravilhosas, boas, honestas. Essas vivências me ajudaram a definir minhas atitudes e posturas hoje, mas fica sempre essa uma lacuna que cobra entender o porquê da invisibilidade social. Já falava sobre isso nos idos anos 90, com amigos e companheiros de estudo. No entanto, não fica é incomum ainda passar pelas pessoas e não as olhar, porque estão de uniforme e cumprindo suas funções.

É assim também com os mendigos, experiência do grupo do pânico na TV, onde o personagem mendigo deitou em frente ao banco Safra na Paulista e não se mexeu por muito tempo, ninguém sequer se dispôs a estabelecer contato para saber o que estava acontecendo. Na melhor das hipóteses, pessoas que não tem renda, casa, trabalho, são vistas quando é hora de expurgá-las dos ambientes em que sua presença não agrada.

Bom, é isso, vale uma boa reflexão em relação a nossas posturas, visões e conceitos.

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